domingo, abril 22, 2007

Madrugada

Hoje eu acordei tão cedo!
Com um sorriso estranho de medo.
Confuso com o que me deixa seco.
Frio, suado e de lado.
Jogado ao chão, caindo por dentro.
Metade sua enfrento.
Metade sua obedeço.
Espero...
Ando pela sala, pela rua.
Eu todo feneço. Você toda nua.
Na mesa não janta ninguém.
Nem eu, nem a barriga, não à comida.
O sabor que me falta ao paladar que um dia
sentiu a saliva inefável, pensando ser divina.
Metade minha alegria.
Metade minha revolta.
Memórias nossas de outrora,
presente meu de fantasia.
O futuro incerto que um dia
tornou-se passado da minha memória.
Hoje sou o homem da esperança.
Sério perante qualquer lembrança.
Metade minha correndo.
Metade minha descansando.
Ontem eu dormia cantando.
Ignorando qualquer escória.
Ontem eu era o menino da esperança.
Chorando perante qualquer lembrança.
Do amanhã que não veio cedo.
Do Sol nosso que dividiu-se ao meio.
Metade sua ficou.
Metade sua partiu.
Amanhã acordarei sem o vazio.
Rindo para outros futuros.
Chorando por outros presentes.
Amanhã, sábio por vários passados,
serei o velho da esperança.
Rindo perante qualquer lembrança.
Porém, em um simples "mas",
Entre o presente e o futuro.
Entre o hoje e o amanhã.
Nesse sutil espaço de tempo,
entre o dormir e o acordar...
Fica você toda no centro.
Fico eu todo o total querendo.
E durmo com você toda em mim todo,
por dentro...