Por mais que eu quisesse, palavras me faltariam, insuficientes seriam
para te escrever. As palavras mais sensíveis já foram escritas por ti no meu ser.
É por isso que quem te olha, não te vê. No comum olhar das pessoas
perde-se o que está além da tua simples imagem.
Foge a doçura do teu ar de menina
que eu alcanço nos meus devaneios, na viagem
de perder-me em teu mundo. Nesse passeio que me desatina.
Não é porque sinto paixão ou me hipnotizo do teu olhar.
Na verdade, não há explicação. Não há o que falar.
O teu efeito em mim vai além do clichê, vai além, não sei por quê!
E nem quero saber. A resposta encontro em ti, sem uma lógica comum.
No teu singelo olhar de ternura eu desfaleço.
Nem me sinto mais. Fico ao vento. Tento, ainda, encontrar saída.
Mas já me tens. Já estás em mim. Porque, sem querer, vou me perdendo
no labirinto do teu corpo, nos fios dos teus cabelos, sem senso, sem juízo, com um sorriso
de menino faceiro. Um fugitivo rasteiro
da rotina, já em mim falida.
Quando me percebo, já estou entorpecido na suavidade do teu carinho,
no abraço sereno do teu beijo. Assim eu permaneço, assim eu enlouqueço.
Gostando de ser louco, agarro-me no vício. Aumento a dose, esmoreço.
Na conversa branda que nós temos, fico surdo aos outros, só te ouço.
Sem saber que, na tua meninice, és por inteiro a molécula do meu vício,
a moleca do meu suplício...
É que o teu sorriso me olha com a graça de um infante que foge no pega-pega,
Deixando a minha boca cega, errante, à procura dos lábios teus.
E no fim da noite, a ouvir-te em despedida, choram aflitos os olhos meus
bebendo o murmúrio de criança que a tua partida deixa,
enquanto o meu tato dança a música que o teu corpo canta...
...ao me abraçar.