quarta-feira, julho 29, 2009

Espelho Quebrado

No espelho que me vejo, me converso, me esmaeço. Vislumbro meus segredos.
Procuro controlar ainda minhas mãos
que suam, choram trêmulas a solidão.

Vasculho-me, me procuro reticente...
Silencioso, me abandono de repente.
Ausente de mim, doente.
Na conversa que me faço em sofrimento,
em mim ecoam terríveis murmúrios de lamento.

E me pego taciturno, áspero, febril.
Desconheço o meu próprio ser, vil.
Em fúria, suscito a consciência da ausência em mim.

Observo-me mais de perto, me esmurro.
Na ânsia de afagar meu coração,
eu vou contra os turbilhões que me cingem,
me devoram por dentro.

E pesa...pesa em mim o grito contido em meu peito,
que me aperta a garganta e me enfraquece a razão.

Eu me olho e da imagem que me traço, vou confuso,
vou sem passo, escondido, sem vazão.
Sem saber se me procuro ou ou se me acho.
No meu interno regaço, esse sentimento vão.

Ainda a mirar-me, vago e impaciente, repentinamente,
quando o desatino já escorre pelos meus olhos, avisto,
reconheço um sorriso que ainda em mim dorme, quieto.
Aquele sorriso que nunca morre, apenas esmorece.
E, que quando menos se espera, floresce
no espelho uma nova imagem, no ser...
A simples, singela imagem ao ver um novo amor nascer.

domingo, julho 19, 2009

Teu Sorriso

E ele foi se abrindo, a revelar a beleza singela e serena de seu interior.
Ostentando a brancura sutil de sua vanguarda, me condenando à escravidão.
Eterno escravo a contemplar este acontecimento.
Sem piscar, para não perder nenhum detalhe, degustei a visão.

E, em toda sua sutil apresentação, numa sincronia natural de sua beleza,
emitiu em harmonia o som de sua presença.
Um som ordinariamente raro, uma melodia...
Dancei, com meus olhos eu dancei. Viciei. Acompanhei.

E, como numa quase perfeita sintonia, ele veio de encontro a mim.
Ele, o teu sorriso, encerrou meus lábios.
Completando minha fuga desordenada ao teu mundo,
nele me embriaguei.

E ele, já agora abraçado em meu beijo, foi se desfazendo,
sua melodia cantando a carícia de nossas línguas.
Ecoando em meus lábios, eu sorri o vendo partir.

E meu riso, saudoso, murmurou ainda embriagado de ti,
o antigo e simples clichê do teu efeito em mim:
- Te amo...