quinta-feira, novembro 18, 2010

Teu Segredo

Eu te peço perdão por tentar em vão, há muito, descobrir o teu segredo.

Esse segredo que a minha libido alimenta. Um frenesi clandestino. Um ardor de pimenta.

Não sei se é o teu cheiro, tua pele, teu olhar...que me desassossega, me queima, me faz rastejar.

 Como um cachorro abandonado, atrás de ti, a me humilhar. Comendo teus passos, me enroscando em teu corpo, em tua sombra, na poeira de teus sapatos.

Eu te mordo no ar e mastigo teu gesto.

Bebo teu leite por entre tuas coxas, fervente, lindo a esguichar; me borbulho no ato, derreto em teu corpo.

Irracional, sem juízo, eu sou escravo. Esfrego-me em tuas nádegas, deslizo em teus seios.

Nos bebo na volúpia que de ti evapora e me entorpeço.

Eu me choro, navego meu tato em tuas curvas inquietas, em teus segredos.

 Perco-me em tua nuca, no teu lábio, em teu queixo.

Acho-me em tuas nuances, nas tuas pernas abertas, no tremor de teus cabelos.

Eu sou todo desejo, faceiro. Exalo em ti a devassidão de um alucinado.

Envolvido em tua luxúria, engasgado de tesão a cada gole de minha cunilíngua perfeita.

Eu te suspendo, te amarro em meus braços, contenho teus espasmos. Desordenados de prazer nos somamos em um só ato. Sexo. Ternura. Cretinos. Libertinos.

Como água corrente, enchente, um vendaval, eu escoo voraz por dentro de ti.  

E teu clímax é silencioso, quase um suspiro, um soluço, sem alvoroço...atravessando poeticamente teu corpo, em cada movimento evasivo, cada gota de teu choro.

Feito um animal saciado, quieto...eu permaneço deitado, consumido, desgastado.
Acabado em ti. Encerrado em ti. Obra do teu poder. Teu segredo...executado.

domingo, novembro 14, 2010

A Razão de Ser

Passeio por entre mundos, confabulações e paradigmas.

Reflito. Ando só por entre os cantos de minh’alma inquieta.

Quem me entende? Quem me acompanha?!

Se a vida tem roteiro, se eu sou desordeiro. É o vento que eu abraço. É de divagações que eu cheiro.

Mas o caminho não é esse, eles dizem. A trajetória não é essa.

E eu só entendo da minha metafísica. Eu só enxergo cores e alegrias.

É o vento que me chama, essa brisa que me desassossega.

Que me faz querer plainar, querer saltar do ponto mais alto de minhas sensações e mergulhar fundo em várias emoções.

Eu me contenho, ainda, numa tentativa de me enquadrar. Mas sou sem quadro, sem quadrado. Minha visão é cósmica e meu ar transcendental.

E da transcendência eu me espalho na superfície e penetro pelos poros de minha vida frenética.

É nessa minha paixão pela vida tão vasta, tão curta em sua infinitude, que encontro a confusão que me mantém vivo.

Nessa sutileza desordenada que não cabe em mim, que emerge de mim, esguicha de minha pele tempestuosamente, sem controle
.
Faz-me procurar uma explicação, não é fácil ser sem razão!  

Apenas o tato intangível que me acalenta, pousa em meu ser e só a mim confessa, só a mim, sem dor nem vergonha, como a voz de uma criança que revela um segredo, bem baixinho, a me perguntar: Que explicação? Que razão?