domingo, agosto 21, 2011

Escuro Iluminado


Meus selos cotidianos esmaecem com o passar das horas.
Perdi a nutrição de minhas células incautas que, com os anos, desgastaram-se, extinguiram-se
Sofri a perda de todas as lágrimas mundanas. Sou mais hoje do que o menos que serei.
Procuro-me em transações infinitas de minha metafísica freqüente.
Ressona em meus ouvidos um delírio inconseqüente. Fui outrora vil e desordenado. Hoje espalmo em um seio emagrecido, desvanecido.
Grito para ouvir ecos desse abismo sombrio que me executa. Surdo, surdo, surdo...
Quebro minha cabeça, quebro minha fachada. Quero o resgate, mais nada!
Engasgo palavras, o idioma universal das sensações entala em minha garganta áspera.
Minhas mãos colhem as reticências que escorrem pelos dedos, pelas fenestras, pelos buracos do meu ser desgovernado.
Não perco, não acho, sou apenas eu sem nenhum recado a dar...
O que restará dessas essências vazias que reverberam como uma orquestra vazia em um teatro?
Somente a vida que exaspera,  me remete ao fundo, a um escuro iluminado.