quinta-feira, junho 21, 2007

Braços do Cotidiano

Desse cotidiano,
o que podes me dizer?
É tão fácil ( , ) ser humano!
O abraço simples de um ser.
Humano.

Por vezes, esqueces disso.
Do teu braço, do teu riso.
Estás mergulhado?
Diria, já nesse momento, afogado.
No trabalho, na mídia, no cotidiano
Humano.

Tiraram de ti a infância.
Tiraram de ti os anos. Insanos.
Criaram em ti um modelo.
Criaram em ti um comum.

Esqueceste da beleza.
Conheces a Gisele Bundchen?
Qual é o nome do teu padeiro?
Qual é o nome do zelador do teu prédio?

Estás estressado?
Assite à uma comédia do Jim Carrey!
Mas o teu porteiro é tão engraçado!
Esqueci!
Um dedo de prosa nunca deves lhe ter dado.

Nasceu em ti um sem humano.
Nasceu em ti um automático.
Morreu em ti teu próprio braço.
Morreu em ti a tua visão.

Qual é o carro do ano? Qual é, meu irmão?
Qual é a moda do verão?
Quantas árvores há na tua rua?
Resta flores ainda no teu chão?

Não.
Que cara de susto é essa?
Ainda tens tempo. Por que a pressa?
Ainda tens coração. Usa tua visão.
Ainda há-braços.

De despedida, te dou um sorriso.
De lembrança, um aperto de mão.
Mas, para um abraço,
só tu podes me dizer
Se ainda há braços,
Se, em ti, ainda há ser.
Humano.

5 comentários:

Unknown disse...

Quando o homem está no horário de trabalho, é consumido pela Indústria da Produção; quando está no horário de lazer, é consumido pela Indústria do Entretenimento (ou Indústria Cultural). De qualquer forma, o Sistema Capitalista criou mecanismos para dominar o homem em tempo integral, e tornou-se indefensável. A Cultura, a esfera da espiritualidade, que resistia como a última possibilidade resistência crítica à Ordem Vigente, também foi absorvida pela lógica Industrial. Eis a versão apocalíptica da História da humanidade.

Anônimo disse...

Como diz o grande Vidente Marcos Melo.
BONSAI - VIDA LONGA, CARA !!

Anônimo disse...

Adoreiiiiiiiiiiii

Sempre escreve maravilhosamente bem!!

Parabéns Matheuszinho.

Rafaela Palmeira disse...

Acho q vou usar a idéia do poema dadaísta, e ver no que dá =D


Gostei muito do texto, muito mesmo.
Me lembra um pouco o "Paquitagem vs 2.0", ao qual vc se referiu, só que em uma esfera maior.

Retrata o quanto somos... humanos.
E imperfeitos, demasiadamente imperfeitos.

abração! :)

Unknown disse...

Maravilhoso texto, muito bem colocado o retrato da desumanização que estamos enfrentando ja algum tempo. É muito gratificante vê um jovem como vc ter essa visão e esses questionamentos e quem sabe fazer outros jovens refletirem diante desse processo do mundo moderno. bjs