terça-feira, fevereiro 24, 2009

Hedonista Pueril

Pairo sobre a madrugada com olhos pesados, de ressaca serenos.
Uma concomitância digna do turbilhão de pensamentos.
Faço-me despido de toda civilização, quedo em desatino,
sem seguro, sem razão.

E quando me estouro em regresso de atos passados,
não me recordo de fatos, não me engano em progressos.
Se na ventura começo, a refazer o que faço, no meu presente descaso,
num sentimento pregresso.

Seguindo suave o que sempre condiz com o meu desalento,
com o que me perdiz, reconstruo o meu fardo, com força motriz,
refaço, de fato, o que me deixa feliz.

Calado no ar, pairo sem pensar, atribulado e barulhento.
Atônito, embevecido, o universo feminino a me conquistar.
Embriagado de mel, seguro no vento, mirando meu céu, encontro meu lugar.

Caminho, a flutuar, em devaneios, quase sempre em meio, de ventres, de peles,
corrompido em pedaços de corpos alheios de ninfas, de musas, feito um pelego.
E meu paladar emudece, sucumbe, se perde nos bustos, nas vestes que ainda recobrem as curvas, as coxas, os seios redondos, os segredos das moças.

E num rasgo delicado, os panos, os trapos, lavados de febre, revelam à língua libidinosa e serelepe, os lindos mamilos, as ternas nádegas, os lábios que cedem ao trêmulo beijo.
Assim sou desejo, funesto, devasso, eu me perco e me acho nas pernas abertas, nas nucas cheirosas, nas carnes das fêmeas. Dançando em melodia o meu tato macio,
eu verto néctar, pondo em cio, corpos de mulheres, como um hedonista pueril.

Um comentário:

Repórter de Sandálias disse...

Nossa, esse fez arrepiar até os pêlos da nuca, rsrsrs!!

Digno de Bocage... Muito bom, parabéns!