sexta-feira, agosto 04, 2006

20 e poucos anos

Rubem Fonseca me faz bem. Os jovens tendem a imaginar que os velhos não foram jovens um dia. A época muda, mas os conflitos são similares. O jovem corre, tem pressa, quer expandir, crescer e, por vezes, acaba diminuindo. Eu sei, o mundo tá aí, com toda sua grandiosidade, toda beleza, chamando: "Vem me conhecer!". E quando rodamos o mundo todo e nos damos conta que é tudo a mesma coisa? São planícies e relevos organizados de modo diferente. As pessoas? Costumes, culturas...mas são seres humanos de qualquer forma. Acho que nós, ao nos tornarmos mais adultos, com o inerente crescimento físico, o coração cresce. Forma-se um espaço, que o moço sente necessidade de preencher. Como? Interagindo com outros que sentem o mesmo vazio. Essa é a saída mais rápida, porém, há outros meios de preenchimento desse vazio inexistente. Atualmente, o caminho mais fácil é o mais procurado, álcool, entorpecidos, é isso mesmo, música! Beijos. O beijo, em sua essência, é algo mais puro, mais sublime. O que o ser humano faz? Como a física moderna e a bomba atômica, como a inteligência de Hitler e o nazismo, como tudo que poderia ser usado somente para o bem, mas tomou outro caminho. Banaliza aquilo que seria a mais perfeita tradução da paixão, da atração mútua, do contato. Criando um imã para o vazio do peito ardente. Nessa troca de beijos notívagos, os iniciantes da vida adulta se perdem no pequeno prazer que um beijo espontâneo ainda oferece mas que, entretanto, se mantém longe da volúpia e êxtase transcedental que um beijo apaixonado pode oferecer. A paixão, como diria meu amigo Rubem, faz com que a mistura das salivas tenha um paladar inefável, semelhante ao néctar mitológico. Isso mesmo. E é disso que as pessoas estão se esquecendo, aos poucos, só tende a crescer. A língua só ficará a procura do fel...já esquecido.

Um comentário:

Anônimo disse...

Então, eu sou da opinião de que nós somos mais diferentes do que "semelhantes". Principalmente se viajamos pra outros países, afinal estavas levando em consideração o mundo. Também acho que as experiências mudam muito de geração pra geração.

Essa "banalização da mais perfeita tradução da paixão" exemplifica uma característica muito mais acentuada na nossa época. As situações, os problemas e as soluções são diferentes das vividas pelos nossos antecessores.

Mas encontrei sentido no que disseste... Também tenho amizades com pessoas mais velhas que me fazem muito bem. ;-P E ajudam a perceber que essa busca desenfreada por várias paixões levam ao amargo vazio.