sábado, agosto 26, 2006

Percepção

Veja lá,
ela já anda arrastada...
a sombra torta, fraca e apagada
Ar de quem conhece a dor
de ter que andar com pudor.
Nem sempre foi assim,
o riso amargo já foi doce sim.
Hoje é desilusão.
Hoje é curtição.
Não quer mais saber do engodo de todo início.
Porque no fim só resta o que restou do anterior,
que restou restando outros.

Veja lá,
ela já chora rindo...
um som rude, morto, calado.
A graça da garça voando pousou.
O Beija do flor, voou e levou,
platão, dança, cartas.
Seu pombo correio arranjou outro emprego,
espantado pelo cão de seu coração.
Hoje é sem platão.
hoje é palavrão.
Não quer mais saber do profundo...
Porque tudo permanece na superfície,
lançando mão de todas asas, brancas!

Olhe lá,
Ela já (se) pergunta "E daí?"
Já vira a cara para o anel.
Nem quer mais saber do vestido branco.
As vestes de luto pelo seu crédito.
Até arranjou novo animal para estimar.
Tudo isso pertence a ela, que guarda na jaula
junto ao Corvo, de nome Platão.
Hoje é sem Paixão.
Hoje é sem definição.
Então, não olhe não! Veja! São somente pétalas aleatórias,
mascarando o livre-arbítrio da dona do jardim.
Ontem foi a Rosa.
Amanhã serão os espinhos.

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