domingo, janeiro 27, 2008

Perto Demais

Perto demais chegávamos. Distante ainda éramos.

A lua em um mormaço tínhamos

A sintonia de uma noite bela.

Eu tinha o humor e tu o riso.

Eu era sem siso e tu o pudor.

Tu eras mistério e eu caçador.

Tu eras bolero e eu dançarino.

Fui teu no teu primeiro sorriso.

Perto demais ficávamos. Distante ainda tínhamos.

A rua e os automóveis estávamos.

Pelos becos nos escondíamos.

Eu era o louco e tu o remédio.

Eu era deserto e tu o líquido.

Tu perdias o juízo, eu o cantador.

Tu te entorpecias no vício. Eu te beijava em tremor.

Foste minha no teu segundo sorriso.

Perto demais tínhamos. Distante ficávamos.

A cama e os lençóis éramos

Um par na música estávamos.

Tu eras chama e eu o pavio.

Eu nada mais era, tu nada mais ía.

Tu, minha, ainda vinhas. Eu, teu, ainda ficava,

Nessa vida rock’n roll que nos abraçava,

Fomos nós no teu terceiro sorriso.

Perto demais estávamos. Distante chegávamos.

O filme e os braços tínhamos

Ainda o carinho que éramos.

Tu ainda em mim eras, eu ainda em ti brincava.

Eu, teu, me inebriava. Tu, minha, já não estava.

Então, a cumplicidade nos sustentava

No romance bossa nova da nossa vida.

Eu me era em todos os teus sorrisos.

Perto demais, perto demais. Distante agora obrigados.

A cama, os becos, o humor, nada mais são. O braço.

A brincadeira é muda e o meu papo é vão. O filme.

A lua, ainda testemunha, reclama teu desfile.

A rua, minha fuga, me chama para um crime.

Eu sou crise de abstinência. Sou doido, sou paciência.

Com a distância, és em mim mais perto. Eu espero...

Volta e devolve o que levaste com teu último sorriso.

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