terça-feira, janeiro 08, 2008

Não Obstante

Não obstante as minhas mãos me levarem a te escrever mesmo em descanso, eu calo em ti e mordo o pensamento em mim, extasio em um delírio manso.
Não obstante os dedos correrem sobre o papel , de modo insano, quererem descrever o que em ti tateiam, o que em mim acende, eu ainda assim respiro e queimo na volúpia que a tua imagem em mim transcende.
Não obstante os ouvidos serem cúmplices e musicalizarem em mim as notas soltas das palavras bobas e banais que escutam em ti, eu ainda assim sorrio e inebrio o som que de ti sai em gírias chiadas em meio a gargalhadas, tocando em mim cantante desvario de leviana graça.
Não obstante escutar Chico sozinho seja em mim uma completa nostalgia do que ele é em ti uma grande poesia, eu ainda assim violo a caneta e toco sobre o papel a harmonia da lembrança em ti.
Não obstante o olfato respirar em mim a essência da pele fremente que sente em ti, eu ainda assim sugo no ar vazio o cheiro do teu corpo e tremo, quedo alucinado na libido em mim que a delirar em ti me obriga.
Não obstante a boca só querer provar em mim o néctar de teu seio estreme, o paladar dos teus lábios sorridentes, eu ainda assim bebo em ti a tempestade do teu corpo candente, relampejando em mim a lascívia do romance presente.
Não obstante serem tomados de mim todos os meus sentidos por ti, eu ainda assim me sinto, eu ainda assim me entorpeço, ao te tomar em tato vil, ao te amar eu esmoreço...
...em nós.

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