terça-feira, janeiro 08, 2008

Brado Brado

A vida fala em meu ser loucura, suja muda a caminha dura. Eu invado e brado em meu peito alto, gargalho em galhos minha fama espúria.

Eu rebento forte, divago o norte do meu “futuro” dado. Caio em contradições, busco exacerbações de cada ação, esqueço do passado...

- Rebenta, menino, esquenta a doçura da vida que na tua frente senta! Toca em mim essa tal sinfonia do Carpe Diem.

Não me contenho em mim e desapareço nesse caminho que me guia ao mundo.

Eu bebo fundo, mergulho e salto no palco que em mim dança e clama o ar que respira e canta:

- Canta, menino espanta o amargo sal que o mal te serve! Suga do ar o suspiro breve da hora passante e escreve em mim o teu sorriso leve.

Insano, exalto a vileza mansa do gozo puro, num viver sem muro e calo o siso em cínico sorriso.

Deito libertino na graça do mundo. Acordo feras, durmo em exaustão e ainda exalo o calor cretino da devassidão.

Não porque sirvo à luxúria, não. Sim porque nem sou mais são, são ainda em mim a mão do clamor de viver, de querer, de beber...

- Bebe, menino leve! Serve ao mundo essa risada sincera, nem espera a piada dada. Ri deles que não bebem nada. Sorve em tudo essa alegria desvairada.

2 comentários:

CrápulaMor disse...

Esse texto tem um estado de espírito mais estimulante, vivo, extrovertido. Os outros textos são mais introspectivos e, as vezes, pessimistas. Resta saber se isso reflete, na prática, o atual estado de espíritodo autor, ou se é um grito de alerta para o mesmo.

sarabatata disse...

hum....é certo que é natural quando lemos algo, nos remetermos ao autor do texto. Entretanto, creio que, na prática, o objetivo maior não seja esse, na realidade, fico a pensar, como saber se um poema possui um objetivo específico? Como saber se o poeta pensou algo de forma específica para aquele que irá ler? Nesse momento me lembro do poema de Fernando Pessoa,

Autopsicografia O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

P.S.: Perdoe-me se me empolguei na resposta. Mas acho que realmente me empolguei...:)